MEU DIÁRIO

MEU DIÁRIO

Encontrei meu Diário. Momentos de tristeza.

Quando descortinavas o mar, inultilmente tentei nadar, e nem mesmo afundando enxerguei palavras certas.

Encontrar tuas páginas em linguagens inexistentes foi uma ironia:

Quanto mais falavas menos me dizias. Era esse teu lema; colocar meu corpo num barco sem remo no findo Oceano.

Compreendi, na tua dança, a argúcia da serpente; destruindo uma criança surda.

Tuas músicas eram embaladas para ouvidos de sereias – inútil esforço eu fazia...

Mas, nas últimas frases Diário, escreveste as únicas palavras que me salvaram.

- abandonou o jogo –

- Eu detesto jogo. Pude então escutar a tua voz desligada, fria, um calor único, humano.

Foram poucas palavras; talvez umas quatro. Foi um instante. Menos, bem menos que um minuto. Meu coração parou.

Respirei forte e rápido, chorei e senti meu coração petrificando.

Continuei respirando fundo, lavei o rosto.

Sobrevivi.

Verônica Aroucha

Julho/2008

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 12/08/2008
Código do texto: T1123981
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