Últimos dias
Beijarei a face do pálido poeta
Como quem beija a felicidade
Para sentir em meu peito:
O último soluço de solidão.
Para daí quem sabe:
Desfalecer as últimas pétalas
Bocejar os últimos suspiros
Da minha amante decepção.
Deixarei a beleza do tédio,
Estampada naquela bandeira.
Como quem deixa as tristezas
De quem um dia sofreu por uma espera.
Num deserto:
Descansarei com as minhas angústias
Beijarei os amores... Que nunca tive.
Um dia, quem sabe?
Serei amada com a mesma intensidade que amei.
Não farei parte da história ilustrada
Infelizmente não!
Não serei a linda senhora que dá a liberdade
Não contarei as histórias da heroína que nunca fui.
Minha história não ficará gravada,
Passarei apenas como o vento...
Que beija algumas faces
E deixa a marca de sua sútil presença.
Só levarei uma tristeza:
A de nunca ter esperança,
Pois nunca me encontrei com a esperança
Que estampa á bandeira de minha pátria...
As lágrimas inundaram meu rosto,
E eu, lembrarei da minha mocidade sonhadora.
Darei o último suspiro de tristeza
Porque agora não serei mais poeta,
Serei apenas um pedaço de pano rasgado numa esquina.
NASCIMENTO,Olívia dos Santos.Últimos dias.Recanto das letras.Bahia:Conceição do Almeida,2009.