"Invernada duradoura"

Quatro são os idos, que findos, esquecidos tempos; invernada duradoura ressoa, de tanto em tanto, que até magoa.

Folhas mortas, secas e estarrecidas, caem ao chão: é a renova ou é a ação?

Pintam no céu revoadas mil; jazem esperanças inda movidas pela tarde já esquecida. Floresce-te das secas folhas e altivo encanta ainda mais meu jardim.

Ateou-me o calor e desnuda me pôs: fez-te brisa e em meu corpo repousou. Resfriou-me, lenta e vagarosamente, até deixar-me assim: entre o verão e o inverno, outonando a sua espera eterna!

*outonando: esperando, e aos poucos perdendo toda e qualquer esperança.

Texto elaborado para uma pessoa que, felizmente, surgiu em minha vida. Poucos foram os nossos momentos, mais tão bem vividos que ainda hoje geram lembranças. A vida, como nas estações do ano, gera passagens; que se não bem vividas, tornam-se esquecidas.

Enfim, Valmir, você não será esquecido. Sentirei saudades, mais enfim... esta é a vida...