Sobre a sina do homem
Meu argumento, a respeito da fatal sina,
Do chamado destino, que une os homens e os animais,
Como pensa saber a causa, da vida e da morte,
O homem pesquisa em vão, mesmo estando ao bem da sorte,
Desculpa-se dos fracassos, acusa seu próximo-irmão,
Discute o que desconhece, resolve voar no chão.
Quando acerta um plano torto, se enche de vaidade,
Percebe-se um século à frente da insânia e da bobagem,
Mas, se quem erra é seu par, não perdoar a desvantagem.
Age sempre como um tolo, se há paixão na disputa,
Esquece os dons do espírito, se entrega à carne bruta,
Se for rei, dono de muitos, perde a fama pela luta
Mesmo um sábio, que se guarda, do efeito da cicuta,
Entrega-se à crença vã, e ao peso da labuta,
Morre cedo como um cão, seu quinhão nunca desfruta.