A SINA DO CAÇADOR

Ele continuaria ali, a espreita de sua caça. Mais dia, menos dia, ela apareceria, incauta, sonolenta, volátil...

Trataria de fazer sua aproximação de maneira imperceptível aos olhos mais atentos...Se preciso fosse, prenderia a respiração e daria comandos de espera às batidas do coração...

Não se permitiria ao descuido e ao desperdício daquelas horas insones...

Antes que a presa pudesse esboçar gestos de fuga ou defesa, a arrebataria num gesto preciso - nem tão rápido que a espantasse, nem tão lento que a perdesse... Para atraí-la jogaria migalhas de acalento... Para guardá-la , pensou numa caixa ; depois, numa gaiola...Mudou de idéia, comprou um lenço de seda...

Triste sina, a do poeta-caçador...sempre ávido por tornar-se novamente amo e senhor da inspiração fugidia...

Belinda Tiengo
Enviado por Belinda Tiengo em 04/08/2008
Reeditado em 19/08/2008
Código do texto: T1112606
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