Disfarce

Colocou os óculos escuros.

Perdeu o trem das cinco, mas abriu um sorriso mágico.

Não iria deixar de esperar o novo rumo, na estrada sinuosa da esperança. Embarcaria no próximo trem em busca do infinito.

No céu pérola uma gota de estrela morta ainda brilhava em pleno sol.

Azul no coração que explodindo em sonhos tingia a íris castanha, melada de lágrimas, cintilante, sob os óculos.

Sobretudo, sobre nada, reflete a luz da idéia de um minuto apenas de indecisão.

Perdeu o trem das cinco.

Mas ainda tinha aquele relógio de ouro.

O tempo que aliado do agora vibra no passado sombrio.

O pássaro negro pia. A andorinha faz seu ninho.

Ele caminha rumo a noite disfarçando as mágoas, camuflando a pele.

Resta uma hóstia, um copo de vinho, e a confissão:

_ Ele ama!