A Carne...

A noite chega, é só o começo, de um infinito momento; este, a qual me deparo por vários anos seguidos; interrompendo qualquer direcionamento para o que pode ser bom, viável, ou de maneira exemplar. Não tarda, a noite é fria, o ar é denso, e o tom, é o da coloração mais negra já vista. Me desconserto, não sei onde estou; é o inicio da infindável Angústia. Um enredo de perdição e do desespero que percorre cada milímetro do meu corpo, me dá sensações tão assustadoras quanto o forte gosto amargo, tenho sede, fome, dor, minha boca é seca como se tivesse areia, a voz é lânguida, tenho farpas na garganta, encolho, me aperto em consolo pra amenizar, com tal força e, ignorante pelo medo, mordo os lábios; sangra sem eu perceber, escorre por mim. Estou sem sentido físico. No peito esmagado, sinto como se houvesse uma reluzente e pontiaguda agulha sendo inserida repetidamente na grande ferida aberta, na carne viva, exposta, rosada, e também esbranquiçada pela infecção. Já sem tempo, sinto o silêncio, choro. Choro enfim, muito... mas é por saber, e sem nenhuma culpa, tão recentemente que, isso, isso que parece padecer meus sentidos de forma tão veemente, tão mordaz, é o que de fato me anima, sobrepõe-se a minha Alma, maneira esta, a ser tão prazeirosa como olhar o reflexo de Vênus, tão sublime, nua em sua plenitude, alva, longilínea..., pura.

"Lúcida dor que há pouco fora convergida, descobri sua doçura! me sustenta, por isso, aqui, ainda há vida. Solução esta, que florece suavemente a cada anoitecer..."