Névoa

E eu escrevo,escrevo mesmo pela falta do que fazer,deixo as palavras caírem sem sentido no papel,vejo a poesia se formar com a chuva lá fora,tento emocionar com meus olhos parados e frios

E havia um tempo em que tudo era música,mas música depois de um tempo não faz mais sentido,não faz mais parte de você,é a música que ecoa lá fora pros outros dançarem,pros outros sentirem,não pra você mais

Com todas as palavras gastas,com todas as contradições já escritas,eu já não sei porque escrevo,não sobrou muito a lhe dizer,você entendeu tudo,me deixe fechar os olhos e adormecer

No fim depois de tanta correria me sobrou muito tempo,muito tempo pra envelhecer nessa cidade sozinha,muito tempo pra me olhar no espelho sem ter nada a dizer,muito tempo,tempo demais e logo eu que reclamava que era muita coisa pra mim acabei vendo que o vazio também requer muito esforço

E eu não sei se passou dias ou anos,o tempo que passou apenas passou sem eu tomar seu conhecimento,eu devo ter passado todo esse tempo como uma figurante,a peça esquecida sobre a estante,a cena cortada,não pertenço ao palco principal,minha estrela é apagada,deixe brilhar os que nasceram pra isso,não eu