Ainda há tempo
Pensara nunca existir o tal amor visceral, que tira a razão e nos deixa assim: vulneráveis, sensíveis, sonhadores... Mas de que é feita a vida senão dos sonhos que nos embalam a alma, nos levam a ver flores, colibris, a chorar de alegria e de tristezas também... Pensara que uma vida pautada na razão não sucumbiria aos devaneios do coração. Pensara tantas coisas.... Para então descobrir que a criança latente que suspirou por anos no ventre estéril, aflora, agiganta-se de tal maneira que lança por terra toda conjectura de que o amor é lacônico, padronizado, enlatado. Deflorados os seres que impõem essa vil compostura que aniquila o mais sublime dos sentimentos. Escuso-me por violar as regras que o ditam como obsoleto.
Pensara nunca padecer e suspirar... e almejar tão somente que o amor por ora revelado extasiasse a alma, embalasse a criança levando-a a sonhar... Afinal, de que é feita a vida senão dos sonhos que nos embalam a alma e nos levam a ver flores?