SENTEI-ME À BEIRA DA ESTRADA
Sentei-me a beira da estrada, esperando o tempo passar. Queria que ele corresse veloz, para que minha fuga se tornasse suave, mas, ele corria bem devagar e isto me angustiava.
Havia fugido daquilo que eu mais detestava. A opressão e a repressão, tudo que me toldava. Eu somente tinha compromisso com o nada, apenas via o mundo sob minha ótica.
E sentado á beira da estrada aguardava a passagem do tempo, que lentamente corria. Isso me angustiava e me fazia sofrer, eu não queria voltar e retornar ao passado.
Sentia medo de retornar o que me faria sofrer, sentia medo dos sermões e castigos, fugir era o que mais me parecia ser possível. Voltar como, sem saber para onde?
Restava então ficar sentado aguardando, esperando que alguém viesse me resgatar livrar-me do destino que parecia cruel e, sentado esperei a passagem do tempo.
Enquanto esperava, de longe, distante, vislumbrei uma figura difusa em movimentos confusos, aguardei a chegada do que seria talvez minha sombra, que ficara além.
O tempo corria e nada, a figura parada ficara. Esperei muito tempo, querendo que ela chegasse e pudesse vir me resgatar e excluir todo medo, somente restava ficar sentado á beira da estrada.
O sol já se punha distante bem longe. O leve frescor da noite chegava depressa, a brisa suave trazia com ela o medo da noite que vinha e aquela figura parada na beira da estrada, ficara.
Lembrei-me dos motivos da fuga apressada, justifiquei todos os atos com meu julgamento, culpando a todos por meus sofrimentos eu tentava encontrar o meu próprio perdão.
E sentado fiquei esperando o medo, que viria decerto com a chegada da noite, queria voltar sem, contudo assumir os meus erros e assim continuei sentado, a beira da estrada.
Pensei em voltar pro passado distante, que fosse bem longe além do horizonte, mas o medo impedia o meu movimento e, parado fiquei esperando o momento.
E nada dele chegar para me resgatar. Esperando por horas a fio, somente o medo chegou com o negro da noite a esperança se foi o medo chegou se instalou e ficou.
E passando a noite ao relento sozinho, dormi muito pouco em virtude do medo. Ele me assaltava a todo o momento, o medo, o frio e o constante tormento.
O dia surgiu e bem cedo esperanças de novas medidas em novos horizontes, o sol aqueceu o meu corpo e a alma, com a chegada do dia, voltou minha calma.
A sombra pequena da árvore nascida à beira da estrada, teimava em fugir e eu a perseguia com afinco, eu estava atento, mas pensando em voltar.
E assim eu fiquei por horas a fio, parado, sentado à beira da estrada, esperando a volta a um passado perdido, esquecido e parado, bem antes do dia.
Mas o tempo fiel conselheiro ensinou-me, a saber, esperar e agora sentado à beira da estrada, enquanto esperava...
Comecei a chorar.
13/02/02-VEM