ADEUS AO PICADEIRO
Desarmo o circo.
Aquele em que a ciência do meu nariz
não mais se deixou pintar de vermelho.
Vermelho só o sangue e as rosas,
que continuarão perfumando o mundo.
Os meus ossos não eram coisas.
Meu rosto não era uma coisa.
Eu sou um ser humano.
Desfrutei de sorrisos e restos de palavras
da platéia, que aplaudia sem cessar,
antropofágica, ardente e iluminada
pela minha loucura de crer.
Simplemente crer.
O papel iria levar-me ao sepulcro.
Não sem antes, claro, de beber o vinho
dos que o necessitam para dar a última
expiração. Esse me foi dado,
mas eu me recuso a morrer.
Prefero sorrir diante dessa platéia
subjugada pela inspiração dos
que se atemorizam diante do amor.
Não tenho medo de ser possuída pela vida.
Tenho um só rosto, um só nome
e o meu livro se chama sinceridade.
Aos interessados no papel de palhaço,
a vaga ainda não foi preenchida...
(ou foi, será?)
(Direitos autorais reservados).