ADEUS AO PICADEIRO

Desarmo o circo.

Aquele em que a ciência do meu nariz

não mais se deixou pintar de vermelho.

Vermelho só o sangue e as rosas,

que continuarão perfumando o mundo.

Os meus ossos não eram coisas.

Meu rosto não era uma coisa.

Eu sou um ser humano.

Desfrutei de sorrisos e restos de palavras

da platéia, que aplaudia sem cessar,

antropofágica, ardente e iluminada

pela minha loucura de crer.

Simplemente crer.

O papel iria levar-me ao sepulcro.

Não sem antes, claro, de beber o vinho

dos que o necessitam para dar a última

expiração. Esse me foi dado,

mas eu me recuso a morrer.

Prefero sorrir diante dessa platéia

subjugada pela inspiração dos

que se atemorizam diante do amor.

Não tenho medo de ser possuída pela vida.

Tenho um só rosto, um só nome

e o meu livro se chama sinceridade.

Aos interessados no papel de palhaço,

a vaga ainda não foi preenchida...

(ou foi, será?)

(Direitos autorais reservados).

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 28/07/2008
Reeditado em 18/01/2009
Código do texto: T1101914
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