QUESTIONAMENTOS

Quanto vale a nossa existência?

A minha, a sua, a nossa carência?

Vale um pouco de status ou um pouco de agonia?

Vale um tempo para comprar algumas “roupas finas”,

Vale um tempo para almoçar em extravagantes restaurantes

E quem sabe prolongar a noite em motéis alucinantes...

Vale uma noite de puro prazer:

Numa peça de teatro

Num cinema sofisticado

Numa boate caríssima,

Numa joalheria repleta de jóias exclusivíssimas.

Quanto vale a sua existência?

Vale economizar as solas das sandálias para o outro dia?

Vale guardar as sobras dos alimentos,

Lembrando sempre que a geladeira continua vazia?

Vale atravessar noites de insônia,

Sentindo-se um naufrago,

Lutando por sonhos que fogem à beira mar?

Vale sofrer por não ter?

Vale não amar mais ninguém?

Vale fingir amar alguém?

Vale não socorrer mais a si mesmo?

Esquecer-se da sua pobre, indescritível, frágil alma?

Quanto vale a minha existência?

Algumas lágrimas, alguns trocados, alguns concursos ou a sua dor?

Os meus pecados, os meus retalhos, estes meus medos, o meu passado ou nossas perdas?

Algumas cicatrizes, poucas alegrias ou uma felicidade inexistente?

Esperar que o outro me complete...

Ou transformar minhas ações...

Em ações egoístas, individualistas, mercantilistas, capitalistas, o “espetáculo do grotesco”.

Ser a “boba da corte”

Ser a “bola da vez”

Ser a eterna insegura

Ser a filha cruel

Ser a mãe insana

Ser a mulher controladora

Ser a namorada possessiva

Ser a amiga falsa

Ser a irmã invejosa

Ser o outro lado da moeda. Ser o outro lado da moeda, seria o melhor?

A esposa maliciosa, a amante perfeita, a mulher desligada do amor, a mulher entregue ao desejo sem cobranças, sem receios, a mulher que compete sem ver a quem, que não teme a tal testosterona, que é o que é e ponto final. Sem qualquer grande dúvida ou cobrança crucial.

Ser o outro lado da moeda. Invertendo qualquer valor para ter.

Obedecendo a dinâmica exaustiva, subversiva...

Deste mundo onde o que menos importa é:

O SER.

ANDRÉA ERMELIN

24 DE JULHO DE 2008

SALVADOR-BAHIA/BRASIL

(TEXTO PRODUZIDO EM 21 DE JUNHO DE 2006 EM SALVADOR-BAHIA/ BRASIL

E REFORMULADO, ADAPTADO EM 24 DE JULHO DE 2008, EM SALVADOR-BAHIA/ BRASIL)