Nada além de todas as coisas
Nada além!
Nada, Alan!
Nada além das mentiras do Amor ou da ilusão do Mário Lago de “viver feliz na ilusão de ser feliz”...
Nada além da eternidade do amor de mãe, exigido e imortalizado nos versos de Drummond.
Nada além!
Nada além da ilusão petulante de Fábio Cesar acerca de sua intimidade com “nossa língua” brasileira.
Nada além da perenidade do amor/humor de Belchior e Vinícios.
Nada além!
Nada além do vento nos meus cabelos (agora grisalhos).
do sol na pele da cara
das ondas lambendo-me as pernas, na odisséia californiana de Lulu e Nelsom Mota.
Nada além de “todas as coisas”, tão inexeqüíveis quanto factíveis.
Nada além da sensação inconsciente da perigosa inconseqüência dos seus quinze anos.
Nada além da sanha da juventude nos seus quinze anos.
Nada além da reta infinitamente crua no papo da tia Sandra.
Nada além do cheiro inigualavelmente doce da vó Clotilde.
Nada além das boas flores com o cheiro dela.
Nada além do tudo de novo.
Nada além do nada de novo.
Nada além da veia rasgada
do sangue na pauta
na tela...
Nada além de todas as possibilidades – as prováveis e as insólitas – insertas, explícitas ou implícitas, no imprescindível caminho do quando
do onde
do porquê
do destino hipotético
e patético de cada um de nós.
Nada além do desatar dos nós que se nos apresentam dia a dia.
Nada além do nosso dia-a-dia.
Nada além!
Nada, Alan!