Súbita Primavera

De todo meu verbo, me sujeito,

Em cada novo canto, me componho,

Nas largas dimensões, me estreito,

Acredito e não suponho...

Mesmo à lareira, guardo um pouco de frio,

Saio sozinho, eu mesmo me acompanho,

Nas multidões, sou o vazio,

Não existo nesse rebanho...

Sou criança que se arrasta, mas que cresce,

Sou noite escura, estrelada,

Sou a cruz, que me encristece,

Sou o cinza da Alvorada...

Mergulho em poço, só da queda,

Ansiedade demais, atropela,

O amor a si mesmo se revela,

Sou ainda o piscar, da súbita primavera...