Noite Fria

Noite fria e escura para tentar explicar o inexplicável. Noite de medos e desejos, de angústias e paixões. Noite fria, noite minha.

Nesta noite, já não sou ninguém, sou nada, e desliguei.me para longe de ti, para longe deste sofrimento, desta miserável Vida, e desapareci. Quero.te, pois já não me podes magoar mais: morri.

Não quero sentir mais...gostava. Desejo desaparecer nesta noite, por estes negros caminhos manchados de sangue perdido, meu sangue. Quero desaparecer. Já desapareci.

Consegues ouvir o meu choro? Consegues ouvir as minhas lágrimas do escasso sangue que ainda me resta? Que correm lentamente pelo meu rosto magoado pelo destino, pelas minhas palavras, pelo meu coração, para sempre.

Quero desaparecer, deixar esta Vida e estes dolorosos e insignificantes momentos de amargura, de ódio próprio, frustração.

Ouve o meu coração. Ouve.me: Quero sair! Quero desistir e fugir desde cubo isolado daquilo que me parece certo. Não quero viver mais neste meu mundo (ir)real, pois, sofro...e sofro. Tenho que sair, não quero sufocar na escuridão, em tudo o que poderia ter feito e não fiz, nos erros, pecados e traições.

Não posso mais com este tormento, com esta realidade de nada. Sim, NADA...triste realidade onde nada vale a pena, nem um passo em frente. Não quero sentir, quero morrer. E se ele parar de bater? E se o meu coração desistir e ficar reduzido a simples poeiras de emoções? Poeiras negras e brancas, tudo iria desaparecer, desde sonhos e paixões, medos e horrores, o inicio e o fim... tudo e nunca, nada.

Não quero voltar, não o quero de volta, não quero mais! O meu coração já não passa de poeiras... E se ele se desligar e cair no mar de nuvens negras, se deixar de sentir, se se apagar por lamúrias e quedas, pelo gelo que o congelou ou pelo Sol que o aqueceu e queimou? São quedas, quedas e quebras.

Dói.me a alma, dói.me o coração e tudo aquilo que lhe pertence. Dói.me o sofrimento e o próprio desaparecer. Não quero mais, não o quero mais. Parti. Partiu.

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