Mágicos instantes de um amor verdadeiro
Outro dia nascido no céu de minha saudade. E a lua que festejou comigo as recordações de toda uma vida, durante a madrugada mais longa dos últimos tempos, cedeu espaço ao sol, enquanto meus olhos presenciavam as mais doces nuances de uma nova manhã acontecendo.
A consciência de que a felicidade esteve o tempo todo dentro de mim e eu nem me dava conta, tomou-me por completo. Revi momentos nos quais não mais pensava, acumulada que estava minha cabeça de cenas cotidianas e banais, aborrecimentos triviais que aos poucos ocuparam um espaço tão grande que mal deixavam o que é bom manifestar-se nas horas em que eu imaginava a solidão.
Foi mesmo uma madrugada mágica, quando resgatei o que há de melhor em minhas passagens e consegui até mesmo rir de coisas que julgava esquecidas no turbilhão que desmancha a memória e revira ressentimentos. Poderia mesmo dizer que minha alma foi tocada por Deus, e eu, numa comoção sincera e profunda, senti lágrimas quentes rolarem por minha face. Mas dessa vez, não havia tristeza, nem mesmo pranto aquilo era.
Entendi que raríssimas são as vezes em que consigo transpor para as palavras aquilo o que realmente se passa comigo no momento em que uma inspiração se anuncia e o sentimento impera, fazendo crer que as letras darão sentido a tudo, como se pudessem dissertar plenamente sobre algo tão indescritível e ... mágico! Sim, é isso! Mágico!
A felicidade é, então, o inesperado acontecimento de dentro para fora, uma permissão concedida entre tantas atribulações, o olhar para cima e o êxtase diante de uma lua maravilhosa, de beleza real, intensa, causando a impressão de eternidade. Sim, isso é felicidade. E felicidade atrai. Traz instantes que estavam esquecidos e empoeirados nas gavetas da memória.
Eu não saberia dizer mais sobre isso. Tão pouco faria algum esforço, senão este, de registrar outro momento inenarrável, cadenciado por seqüências nítidas de melhores razões num contexto leal a minha existência. Depois dessa noite, agora eu sei, jamais sentirei solidão novamente, porque hei de lembrar que é dentro e não fora que encontrarei todas as soluções para tudo o que eu julgava falido, inconcebível e descartado.
Eu poderia também dizer, que tudo isso apenas aconteceu por causa de um telefonema, de alguém mais que especial dizendo o "eu te amo" mais esperado dos últimos séculos... Mas não posso quebrar o lirismo que incide na coincidência do estado de espírito de todo ser apaixonado, cuja felicidade se resume num simples sinal da existência do objeto de seu amor. Fazer o quê? E assim tem sido. Amar, amando, amado e todas as desinências, tendências e constâncias.
A felicidade, então, é olhar a lua, sentir a presença de Deus e saber-me amado por aquela a quem tanto amo. E sei, que mais cedo ou mais tarde, estaremos novamente juntos, numa dessas idas e vindas do chamado satélite natural da Terra, e presenciando juntinhos mais um momento inesquecível desse amor que o tempo jamais apagará. Assim como o brilho da lua... ou como o brilho do sol... nesses mágicos instantes de um amor verdadeiro!