Algo estranho

Vi seu corpo estirado na cama,
Uma música suave tocava no quarto meio sombrio,
Abri a porta bem devagar e fiquei contemplando,
Mas ao mesmo tempo pensando, como estava frio.....
Um leve odor sentia, e parecia perfume de amor,
Sequer podia piscar, prá não acordar e denunciar minha presença.
Mas que diferença. Havia algo estranho!
As gavetas entreabertas pareciam querer conversar,
A roupa jogada ao chão dava uma sentença.
E a fumaça do cigarro que não queria cessar...
Quarto fechado, uma poltrona em desalinho,
Mas que diferença. Havia algo estranho!
Um travesseiro branco de linho por entre as pernas.
No guarda-roupa uma gaveta quebrada,
E no corredor estreito uma pequena taça de vinho,
E aquele vaso sem flor, o que está fazendo ali?
Parece perdido no meio de tantos vidros de perfume.
A caixa de jóias está aberta,
Mas dá para ver que ao seu lado o batom permanece inalterado,
Ainda não foi usado.
Aquela música se repetia indefinidamente,
Mas que diferença. Havia algo estranho!
Afinal, por que a cama está tão suja?
É possível que tenha adormecido, de tanto ter amado,
Mas que pecado, o corpo está tão frio,
Agora eu sei, mas não sei se terei forças,
Para superar o inesperado.....

Lucelio Garcia
Enviado por Lucelio Garcia em 19/07/2008
Reeditado em 20/02/2013
Código do texto: T1088349
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