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PORTAS ABERTAS NO MUNDO DOS POETAS
 
Pelas portas abertas, entro no mundo sem fronteiras dos poetas para fartar a minha fome e matar a minha sede de viver. 

Busco liberdade. Liberdade de voar por qualquer horizonte sem discriminação. Uso do meu livre-arbítrio e me permito caminhos santos e pagãos. Sou amiga do pecado, sou devota de uma oração.

O mundo dos poetas me fascina. Nele choro as minhas dores em rimas, sorrio a minha felicidade em prosas, alegro-me com bobagens em trovas, esperneio em haicais. É nele que planto a lavoura dos meus uis e meus ais. 

No mundo dos poetas, sou perfume, sou sabor, sou amor e desamor, sou raiva e paixão, sou alegria e tristeza, sou feiúra e beleza, sou inverno e verão. Sou um poço de ternura, um mar de saudade, sou apenas um segundo, sou toda a eternidade. Sou amante, sou sexo, frieza e tesão. Sou namorada da lua, sou noite, sou dia, sou estrela cadente, mulher indecente, namorado insistente, alma vazia, rima sem rima, pobre sem dente, rico exigente. Sou fria, sou quente, sou carente, sou dona do mundo e um simples vagabundo. 

Nas esquinas do mundo dos poetas eu ando nua e me encontro com as palavras dos meus desencontros, das minhas vaidades, dos meus defeitos e das minhas qualidades. E vivo amores que não são meus, choro saudades que não são minhas, converso com amigos de todas as idades, pego carona para as minhas verdades.

Se um dia os poetas deixarem de existir ou suas palavras forem roubadas, rezem por mim, pois certamente eu também parti.