AFRODITE
Sorrisos que sempre rasgam a tua boca
Orbitados por dois parênteses apertados
Perdidos por aí, na ante-sala da simpatia
Que irradiam as transfiguradas miçangas.
O verde éter puro dos teus olhos
Roubaste um dia da relva na aurora?
Colhendo o brilho de orvalho em abrolhos
Esplendor verdadeiro das manhãs de outrora.
O teu sorriso sempre esconde
Um mistério do teu tamanho
Demonstrado em teu olhar
Onde evasivo eu me assanho
Em poemas de azaléia desvendar
Mas para que eu quero saber
Se mesmo o mistério existe?
Tu deves bem cuidado esconder
Num cantinho que será sagrado
O mistério será sempre o teu segredo
E só a ti, um dia, será revelado
Mas um pouco dele eu conheço
Serve até para início de poema
O grande mistério é o teu berço
Mulher linda, fugidia, meu dilema!
Eu não sei de onde tu vieste
Talvez de uma nebulosa qualquer
Tens vestígios em tuas vestes
Que resplandecem como farol
Extraterrena e misteriosa mulher!
De sorriso farto que me enlouquece
E de um olhar verde que me entorpece
Tu irradias mais que o próprio sol.