"Leitor, meu estímulo"
Ontem te procurei por entre os meus livros, busquei-o na pureza de um índio apaixonado, num alucinado General, e até mesmo em um velho degringolado; mais te encontrei por detrás das lentes, de um atento leitor.
Tracei trajetória feito herói. Fiz do meu enredo teu maior segredo, sem pensar nesta, que ora me corrói, paixão degreda e totalmente insana. E dolorosamente, sua imagem enfim construí: irresistível verbo a adejar, feito vento –mavioso e eterno.
Atentei quanto ao teu retorno, adormecendo junto com minhas palavras, num sono temporário e vivificador, daqueles que se despertam atenuantes e sedutores. E hoje, leitor meu, convido-te a dançarmos sobre estas linhas, até nossos corpos não mais suportarem e jazerem imortais, perpetuados nesta prosa.
Texto elaborado em homenagem aos meus leitores, e que muitas vezes me surpreendem com suas mensagens. Alguns preferem deixar registrados seus pseudônimos, mais pelas palavras são possivelmente reconhecíveis.
Eu escrevo quando sinto, e sentir é uma ação plena de motivos, mesmo os sentindo, assim tão intensamente, às vezes, como numa profunda embriaguez, as palavras cambaleiam, tonteiam-se entre si, e vomitam-se simultaneamente após a ressaca. E moribunda, num instante passageiro, a palavra adormece, volta-se no seu próprio desencanto, para enfim depois, renascer altiva.
Entre meu profundo despertar há o ritual, imprescindível para tal composição, ora num prolongado beijo, num afetuoso abraço, no tom da sua voz ou simplesmente no saber: saber-te vivo, ainda que distante, e feliz com minha presença.