Saudade !
Ai, como eu queria,
andar cada palmo daquela estrada,
e, ao teu lado, não medir o tempo,
para, assim, trocarmos confidencias,
conhecer o teu presente,
espiar o teu passado
e juntos falarmos de um futuro
incerto demais para novos planos.
Eu queria,
apreender tuas experiências,
de homem vivido, ávido de prazer.
Iria vasculhar teu coração,
acariciar tua emoção ,
de irmão, de amigo,
de amor, de proteção,
de companheiro de jornada,
curta jornada.
Ai, como eu queria,
passear por teus horizontes,
sobrevoar planícies e montes,
voltaríamos a infância pura da fazenda,
com cheiro de gado a ruminar no curral,
com cheiro de relva após a chuva,
com som de viola na varanda ou ao pé da mangueira,
com gosto de fruta colhida na hora,
com o sabor do vento no rosto,
com o galope do cavalo arisco,
que campeia o gado ao final da tarde.
Ai, como eu queria,
buscar lá no engenho,
o caldo fresco da cana madura,
mostrar-te-ia a grande fartura
que é ser mineiro,
que é ser matuto,
não de uma ceara vermelha,
mas de um pedaço puro de paraíso ,
de uma campina que não me deixa querer sair dali,
Mas que por desventura do progresso,
perdi-me nos revezes do mundo e
Deixei-me corromper .
Ai que saudade dos tempos,
bons tempos que não voltam mais.
Doces tempos das Minas Gerais.