Saudade !

Ai, como eu queria,

andar cada palmo daquela estrada,

e, ao teu lado, não medir o tempo,

para, assim, trocarmos confidencias,

conhecer o teu presente,

espiar o teu passado

e juntos falarmos de um futuro

incerto demais para novos planos.

Eu queria,

apreender tuas experiências,

de homem vivido, ávido de prazer.

Iria vasculhar teu coração,

acariciar tua emoção ,

de irmão, de amigo,

de amor, de proteção,

de companheiro de jornada,

curta jornada.

Ai, como eu queria,

passear por teus horizontes,

sobrevoar planícies e montes,

voltaríamos a infância pura da fazenda,

com cheiro de gado a ruminar no curral,

com cheiro de relva após a chuva,

com som de viola na varanda ou ao pé da mangueira,

com gosto de fruta colhida na hora,

com o sabor do vento no rosto,

com o galope do cavalo arisco,

que campeia o gado ao final da tarde.

Ai, como eu queria,

buscar lá no engenho,

o caldo fresco da cana madura,

mostrar-te-ia a grande fartura

que é ser mineiro,

que é ser matuto,

não de uma ceara vermelha,

mas de um pedaço puro de paraíso ,

de uma campina que não me deixa querer sair dali,

Mas que por desventura do progresso,

perdi-me nos revezes do mundo e

Deixei-me corromper .

Ai que saudade dos tempos,

bons tempos que não voltam mais.

Doces tempos das Minas Gerais.

Eny Miranda
Enviado por Eny Miranda em 14/07/2008
Código do texto: T1079732
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