... Arte de ser livre ...

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Olá letrinhas, espero que estejam bem. Não quero fazê-las sofrer, e por isso peço a gentileza de todas para deixarem a minha felicidade fluir através de vocês. Preciso que me compreendam. Sou tão triste quando não consigo colocá-las em ordem, despertando certo gozo de um dever cumprido. Não me levem a mal.

Vocês gostam de passear por aqui, não? Então vejam: A minha liberdade depende da obediência de vocês. Prometo ser cauteloso e não atropelar ninguém, e não vou deixar nenhuma de vocês de fora. Não quero ganhar dinheiro com o penoso trabalho repetitivo que vocês têm por esse espaço frio, quero somente encontrar a salvação de minha alma.

Então vamos brincar um pouco:

Para os papéis que já me ouviram

Nenhum deles aceitou contar

segredos

Ermelinda sequer se lembra de mim

Quanto mais saberia que um dia

Seus olhos miúdos e rostinho branco

produzissem a primeira poesia

Minha agenda temática ouviu outras tantas letras

Que passaram por Helena assim como ela

passava por mim no corredor daquele

ônibus

Porém o cheiro de Helena permanecia em minhas narinas

Que seja assim.

Escrever para ser

Sem que exista necessidade de me dar a conhecer

a ninguém.

Que a minha poesia seja reflexo de minha liberdade

De meu espanto com a vida

E a esperança de que ela não chegue ao fim

Com as letras que daqui seguirão mundo afora.

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