E agora?
Há que amar e calar, dizia o poeta mineiro.
Atrelada ao meu patriotismo, me calo
Um calar necessário.
Quisera gritar ao mundo meu desespero
Lastrar sobre as falcatruas
Temera sempre que o descaso fosse tão retumbante
E brilhasse mais forte que o amarelo de nosso lábaro
Que o verde amarelasse
Que o azul acinzentasse
Que o nosso branco avermelhasse.
Calamos todos nós e nos fizemos cúmplices.
O medo de viver nos obriga a traçar trilhas não sonhadas
Nossas crianças não brincam, lutam
Nossos idosos abandonados
As famílias desacampadas perdem-se nas ruas
Não somos mais os mesmos brasileiros
Somos apenas expectadores do caos.
E agora, José?