Coração Impróprio

Hoje dei ao meu coração um codinome que soa sutil, “estúpido”. Pelo menos pra mim é assim que soa, de maneira condecorada.

Extravasou a cota de sentimentos, e porque não pode ser assim? Pode, lógico que isso é viável, o corpo quando cansado necessita de descanso, e se desfaz das atividades físicas mais desgastantes, coração também, sua principal atividade deixou de existir de ontem pra hoje, batendo está, só não lhe cabe outra função.

Dessa vez a razão também foi embora, a cabeça parece que nem existe, sustenta-se sobre o pescoço para compor o corpo, e não serve mais para nada. O papel principal no episódio presente são os pés, sim, exatamente eles, sustenta tudo, como se estivesse cravado à realidade.

Deixei de fitar as fotografias, elas foram retiradas de seus lugares. Só quero paz, sobre o passo do passo, deixa que a música toque por quantas vezes achar necessário, preciso de opiniões, dessa tela manchada pelas mãos, do meu travesseiro, e de vozes, não consigo escutar nada que venha de dentro.

Me deixa ir, preciso me preparar pro que vai chegar, um bom sono, o coração me impede de alarde, nada, nada mais pode me deixar assim.

Com silêncio, quero recompor o momento, e me fazer acreditar que um dia tudo possa valer a pena.