Pode ser um editor...
Pode ser um editor que queria publicar os meus versos, segundo os seus princípios de mercado...
Quiseram matar o poeta
Jogá-lo num lago aparentemente límpido
Onde se conseguiria ver peixes nadando
E plantas aquáticas cobrindo parte do lago…
Mas o poeta não soube nadar
Contemplou os peixes na água e delirou
Imaginando um céu imenso
Azul e sem nuvens...
Mas o poeta não soube nadar
Respirou as plantas e delirou
Imaginando um céu imenso
Verde
E inúmeras aves...
Quiseram matar o poeta
Fazê-lo crer no novo
Ou num velho
Novo
Que se apresentaria com cara nova…
Mas o poeta não viveu de fé
Apenas contemplou o presente, aquele presente
Sem observar se era novo
Não se importando com o velho...
Mas o poeta não viveu de fé
Apenas observou os crentes
Não escarneceu seus princípios
Tampouco assumiu dogmas...
Quiseram matar o poeta
Fazê-lo beber o vinho do cálice
Cálice para vinhos novos
Velhos vinhos
Velhos cálices…
Mas o poeta não bebeu o cálice
Escreveu apenas versos em papelões
Nunca cálice
Vinhos velhos ou novos
Sem cálice...
Mas poeta não rimou o cálice
O poeta rimou as imagens
Consumiu o vinho das videiras
Apenas uvas
Todas as uvas...
Quiseram matar o poeta
E o poeta morrerá
Lago... talvez logo...
Fé...
Vinho...
Nada...
A poesia nunca morrerá...
Não
Creio que não fora o editor matador...