Um dedim de prosa
As veis, eu fico oiando pela janela,
Lá fora uns tanto de gente correno,
Uns pra lá, outros pra cá.
Dá vontade de dizê:
Oia, num carece de vivê anssim não.
Mais fico cá bôca fechada,(pra mode num entrá mosca)
Gosto mermo é de ficá, carminha, ouvino músca de viola.
Tem uns cantô cum uma vóiz, que Nosinhora,
Pareci inté anju, uma formosura só...
Entonces, se já tivé cabado com a lida,
Me derramo na rede e fecho os zóios,
Fico lembrano do meu hómi,
Meu cabroco forte e danado de bacana.
Daqui a pouco ele chega, e iantes de espiá as panela
vem abraçá e bejá eu.
Meu bem é anssim, cuida de mim e eu dele, uai.
De tudo o mió é o tar dedim de prosa,
Nóis dois garradim di baixo das cuberta,
Ficamu falando da vida, dos nossos sonhos,
Sempre terminamu a conversa filiz que uns danado só, sô.
Pruquê nóis sempre achemo que temu muita sorte nessa vida,
Afinar nóis se amemos muito.
Para cabá de comprová qui tamu certo, num é qui a lua fica mais bunita?
Ela vai desceno no céu, bêja o chão e o sór nasce num calorão.
Isso qui é um vidão!
Meu bem já tá longe, foi cuidá das criação, da prantação e colher uma mudinha de frô, preu prantá.
Diz ele que eu sou a frô dele, entonces tudo termina anssim,
frô cum frô.
Eu danada de arretada isperanu os bejos e o dedim de prosa do meu amô.
(Estou em fase de dialeto rocês, espero que meus leitores gostem, rsrs, principalmente meu primo Mário Rezende)