PARA MILENA
1989
Por que hoje é Sábado, eu devo escrever as coisas mais tristes, escrever, por exemplo: Ela não apareceu!
Tudo se reveste de uma característica diferente.
A tarde, por exemplo, é um caminho silente para a solidão sem ela.
Existe uma distância entre nós que não é mensurada, entretanto, essa ausência é doentiamente sentida.
A sua presença preencher-me-ia completamente, mas como hoje é Sábado a tristeza me invade covardemente.
Não a vejo aos Sábados, entretanto pressinto o seu perfume de mulher, que olfateio ensimesmado e abstraído num misto de impotência e tristeza.
A tarde se veste com o crepúsculo anunciando o atracar da noite quando, a sua ausência se estabelece definitivamente em mim, provocando-me uma saudade de exílio sem fim.
Amo-a de forma virtual e ausente mesmo porque, Segunda-feira ela por certo se fará presente, e aí talvez eu a procure para dizer-lhe que o Sábado foi muito triste sem ela.
Eu a quero muito, mas não sei se ela também me quer talvez me queira, contudo sinto que já não somos os mesmos como antes tínhamos sido.
Eu que tanto vezes a beijei embaixo desse mesmo céu nessas mesmas tardes, por isso hoje eu estou triste.
E assim, chega uma apavorante noite que me tortura, e eu me perco sem os carinhos dela.
Ai de mim!
Este sofrimento não tem fim!