Tijolinho

Tenho em minhas mãos um tijolinho. É leve e simples.

Três letras gravadas, um significado.

Remete à Virgem mãe de um mundo de gente,

Mãe Aparecida.

A imagem parece falar sozinha,

Olho, não vejo. Não ouço nada.

Não peço socorro, mas imagino seus filhos.

E filhas também aos montes:

Choram, se humilham, rastejam.

Coisas de ignorantes aos meus olhos;

Meu coração pede que eu pare.

Que eu cesse as lamentações sobre os outros.

E assim a Virgem faz acalmar uma tempestade.

Quem me trouxe o tijolinho, a este custou algo.

Talvez um humilhar da alma, não sei.

Um passeio é pouco. Dizem que há feiura.

É feio o entorno da grande construção.

Um misto de idolatria e santidade.

O tijolinho vale mais por uma coisa:

Pela ótica de quem trouxe.

Quem foi, e o porquê.

O tijolinho não é mais tijolinho,

Ou não é mais só um tijolinho.

Benito Cecá
Enviado por Benito Cecá em 09/07/2008
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