Voz da Lua

Lua que chora mansa... Não sabe direito o que diz...
Rola fria, lá no cume... Tão donzela... Quanto meretriz...

Lua, que embola o céu... Vira as costas durante o dia...
Não me contes o que não sabes... Ou meus dedos tocarão teus lábios...
Feito silêncio! Feito cio!

Encontras-te além do firmamento... Como podes saber tu, do meu peito em choro....
De sofrimento?

Lua que enamora as estrelas... Cuida delas com luz natural...
Nem percebes que elas são mortas... Apenas vivas, num paralelo ao seu.
 
Lua com riso ao canto... Tens ares de sedução de Alice...
Nas maravilhas resistes... Em cartas marcadas ensistes...

Encontras-te firme em grupo... Como podes ser dona de meus pensamentos e todo mundo?

Lua, castiga-me,agora... Quando penso que estás certa. Se o que me contas é verdade... O que farei então? Oh! Lua bandida, como me fazes sofrer...

Cala-te aos meus ouvidos... Envolva-me em tua dança... Como pode ser verdade, o que dizes em voz tão santa?!

Lua em riso aberto, pobre de mim... Que te olho tanto...
Lua em transparência, como pode dedicar-me sustos?
Se são vagas as palavras tuas... Se não escutas os meus soluços...

Não quero que fales mais! É definido meu desejo...
Como podes enganar-me tanto... Ao dizer-me que o amor dele é vento?

Não ouse falar de amor... Sou de todo proibido! Não venhas falar-me em canto... Já falastes demais, por hoje!



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