AMOR APODRECIDO
Quando éramos jovens
Fomos atraídos pelo desejo
De algum dia SERMOS.
Mas um avião e muitas milhas
Separavam-nos.
Os anos se foram.
Inúmeros amores passaram pelos teus jardins
Nem sempre tão secretos.
Preferi não amar.
Quando nos vimos
Tempos mais tarde
Roubaste um beijo
Para, em seguida, brindar-me
Com a penca de mulher, sogra e filho.
Nova distância.
Acabava ali a pálida sensação de continuar.
Persistente, uma década depois,
Pousaste em minha vida.
Vinha repleto de desilusões
E carente de um amor
Fingido e falsamente vibrante.
Foram 20 e poucos dias
De sexo e agonia até que partiste.
Voltaste rápido.
Se instalando como gato de rua
Em minha vida.
Levaste-me a bares, praias e enterros.
Num destes últimos,
A morte te esperava no alto do morro
Travestida em “prima de infância”.
Dali em diante,
Sabia que aquele espectro
Estaria entre nós
Até que o fim do que pretendíamos
Fosse decretado por mim.
Não me dói a perda
Do amante infiel,
Mas o morro de mentiras
Que ambos ajudaram
A colocar no caminho
Impedindo, mais cedo,
A minha passagem.
Não te puxei para o poço.
Fui puxada por ti e, agora,
Retomo o fôlego em meio
Às horas, dias e anos perdidos por algo tão ínfimo.
Se ainda escrevo sobre
Este par de ervas daninhas que são
É 0apenas para tirar da mente
Todas as coisas boas, mas sabiamente falsas que restaram
Toda a arquitetura de um amor
Que nunca existiu.
Porque não há amor que sobreviva
Ao espelho da morte que
Penduraste em tua vida de andar a esmo em busca
Do pai e pessoas mortas
E, não bastasse, de um lugar
Onde tiveste a sensação de felicidade
Tão ilusória quanto à das drogas com as quais
Dopaste-te para amar mulheres
Que depois te embrulhavam o estômago.
Conte ao fantasma que hoje te faz companhia
As juras de amor eterno
Que jogaste pela trilha da vida desencontrada
Onde ainda pisas
Pensando no último suspiro
Ao lado do decantado e irreal primeiro e único amor.
Nunca aprendeste a amar
Nem te sobra tempo para isso agora.
Engorda o resto que pegaste do passado
E promete o que não podes cumprir.
Tua companhia é a solidão
Tua dor, a mais fiel amante
Estás condenado a ser perdido
Não há porto onde possa parar teu barco
Naufragado desde o dia que vieste ao mundo.
Teu sofrimento é o que te mantém de olhos abertos
Sequer tens coragem de cortar os pulsos...
Foram tantos os teus ensaios suicidas
Que estás morto sem saber
Carrego flores ao teu jazigo
Minha invisibilidade é a tua tortura
Porque estarei sempre te acompanhando
Sem querer, em momento algum,
Cruzar o teu olhar de “jesus cristinho”
Porque não és nada.
Embalas com palavras doces
As vidas que vai sugando
E até as que se doam na esperança
Dos teus malditos e profanos “eu te amo”.
Descanse em paz se é que podes
Porque até o apelido carinhoso
Teu e dela e que já colocaste em mim
Teve melhor aporte nas cadelas e no gato
Que tentamos manter e dos quais cedo nos livramos
Quando tudo era silêncio
E insensatez.
Pelo menos me inspiras.
Ver a morte tão de perto,
Repartir a cama e abrir as pernas para ela
Deu-me a exata sensação de vida.
Nada se parece mais com um sepulcro
Do que as tuas mãos entrelaçadas
Às de teu amor “eterno”.
Nem a aliança te vai bem ao dedo.
Não cabe em ti sequer a mágoa que provocas
Só as tuas filosofias de viajante
E o teu entorpecente esperar do próximo velório.
Enquanto isso
Ela reza por ti
Porque talvez creia ser algo
Desconhece ainda o teu desprezo
De tempo avolumado
Não sabe da crueldade com que feres
Os amores selecionados
Que buscas em paisagens estacionadas pelo antes
Ou nas novas encontradas em ruas por onde nunca passaste.
Equivocadamente HOMEM
Nunca descobriste de fato o ventre iluminado de uma mulher.
Consegues matar tudo que toca
Até a música foge de ti.
Falas mais alto que as notas
Desrespeita as partituras
Porque não tens o dom da criação.
Isto explica o teu amor de agora.
Amor feito de carne putrefata
Com tempo de validade vencido.
É fácil amar cadáveres.
Impossível é conjugar a vida
Nesta tua língua embolada
De perdas e com cheiro de morte enclausurada.
Quando éramos jovens
Fomos atraídos pelo desejo
De algum dia SERMOS.
Mas um avião e muitas milhas
Separavam-nos.
Os anos se foram.
Inúmeros amores passaram pelos teus jardins
Nem sempre tão secretos.
Preferi não amar.
Quando nos vimos
Tempos mais tarde
Roubaste um beijo
Para, em seguida, brindar-me
Com a penca de mulher, sogra e filho.
Nova distância.
Acabava ali a pálida sensação de continuar.
Persistente, uma década depois,
Pousaste em minha vida.
Vinha repleto de desilusões
E carente de um amor
Fingido e falsamente vibrante.
Foram 20 e poucos dias
De sexo e agonia até que partiste.
Voltaste rápido.
Se instalando como gato de rua
Em minha vida.
Levaste-me a bares, praias e enterros.
Num destes últimos,
A morte te esperava no alto do morro
Travestida em “prima de infância”.
Dali em diante,
Sabia que aquele espectro
Estaria entre nós
Até que o fim do que pretendíamos
Fosse decretado por mim.
Não me dói a perda
Do amante infiel,
Mas o morro de mentiras
Que ambos ajudaram
A colocar no caminho
Impedindo, mais cedo,
A minha passagem.
Não te puxei para o poço.
Fui puxada por ti e, agora,
Retomo o fôlego em meio
Às horas, dias e anos perdidos por algo tão ínfimo.
Se ainda escrevo sobre
Este par de ervas daninhas que são
É 0apenas para tirar da mente
Todas as coisas boas, mas sabiamente falsas que restaram
Toda a arquitetura de um amor
Que nunca existiu.
Porque não há amor que sobreviva
Ao espelho da morte que
Penduraste em tua vida de andar a esmo em busca
Do pai e pessoas mortas
E, não bastasse, de um lugar
Onde tiveste a sensação de felicidade
Tão ilusória quanto à das drogas com as quais
Dopaste-te para amar mulheres
Que depois te embrulhavam o estômago.
Conte ao fantasma que hoje te faz companhia
As juras de amor eterno
Que jogaste pela trilha da vida desencontrada
Onde ainda pisas
Pensando no último suspiro
Ao lado do decantado e irreal primeiro e único amor.
Nunca aprendeste a amar
Nem te sobra tempo para isso agora.
Engorda o resto que pegaste do passado
E promete o que não podes cumprir.
Tua companhia é a solidão
Tua dor, a mais fiel amante
Estás condenado a ser perdido
Não há porto onde possa parar teu barco
Naufragado desde o dia que vieste ao mundo.
Teu sofrimento é o que te mantém de olhos abertos
Sequer tens coragem de cortar os pulsos...
Foram tantos os teus ensaios suicidas
Que estás morto sem saber
Carrego flores ao teu jazigo
Minha invisibilidade é a tua tortura
Porque estarei sempre te acompanhando
Sem querer, em momento algum,
Cruzar o teu olhar de “jesus cristinho”
Porque não és nada.
Embalas com palavras doces
As vidas que vai sugando
E até as que se doam na esperança
Dos teus malditos e profanos “eu te amo”.
Descanse em paz se é que podes
Porque até o apelido carinhoso
Teu e dela e que já colocaste em mim
Teve melhor aporte nas cadelas e no gato
Que tentamos manter e dos quais cedo nos livramos
Quando tudo era silêncio
E insensatez.
Pelo menos me inspiras.
Ver a morte tão de perto,
Repartir a cama e abrir as pernas para ela
Deu-me a exata sensação de vida.
Nada se parece mais com um sepulcro
Do que as tuas mãos entrelaçadas
Às de teu amor “eterno”.
Nem a aliança te vai bem ao dedo.
Não cabe em ti sequer a mágoa que provocas
Só as tuas filosofias de viajante
E o teu entorpecente esperar do próximo velório.
Enquanto isso
Ela reza por ti
Porque talvez creia ser algo
Desconhece ainda o teu desprezo
De tempo avolumado
Não sabe da crueldade com que feres
Os amores selecionados
Que buscas em paisagens estacionadas pelo antes
Ou nas novas encontradas em ruas por onde nunca passaste.
Equivocadamente HOMEM
Nunca descobriste de fato o ventre iluminado de uma mulher.
Consegues matar tudo que toca
Até a música foge de ti.
Falas mais alto que as notas
Desrespeita as partituras
Porque não tens o dom da criação.
Isto explica o teu amor de agora.
Amor feito de carne putrefata
Com tempo de validade vencido.
É fácil amar cadáveres.
Impossível é conjugar a vida
Nesta tua língua embolada
De perdas e com cheiro de morte enclausurada.