O eterno retorno ll

Gosto de São paulo

Gosto de Santa Rita

Ir pra lá no meio da semana,

quando é quase madrugada

Sob a lua tão bonita

Poucos carros na estrada

Pode-se dirigir e relembrar

os nomes das estrelas.

Ah, Via Anhangüera

O Danúbio Azul sobre um rio negro

de asfalto ainda estreito então.

Lembro-me quando ele me disse

Acabamos de cruzar o Meridiano

de Greenwich.

Esta linha imaginária se tornou meu arco-íris.

Do lado de cá, o farol do jaraguá,

um homem querendo crescer e se tornar quem saberia

um executivo,

cativo da rotina cretina dos negócios, do poder.

Do lado de lá, a infância, a juventude, a poesia.

Mas porque é que a gente cresce se não sai da gente

esta magia?

Pergunto ao poeta.

Volto pra lá.

Caminho pelas ruas da minha cidade,

percebo que ninguém envelheceu

Nem eles, nem eu.

Algumas rugas no rosto, alguns trincos nas casas.

Mas o que é isso, se não perdemos nossas asas.

Ainda não obtive as respostas para as velhas perguntas,

que por estas ruas formulei.

Mas muitas novas surgiram.

Talvez não existam respostas,mas somente perguntas.

Eles dizem que é preciso enterrar o passado.

Eu digo: Ao menos que se possa tornar um mestre Zen

Viva seu presente bem. Da melhor forma que puder.

De modo que possa conviver em paz com ele no futuro.

Porque ele estará sempre presente.

Nós somos o que já fomos.

Tomo um ônibus imaginário

Cruzo o Greenwich, vejo o brilho

do farol do jaraguá.

Visto de novo a minha armadura

Sou outra criatura.

" Cavaleiro da triste figura"

Talvez.