Amor sofrido

Amor, este inferno de amor 

que tanto ufano e amo,

qual peleja debalde e inglória.

Agonizante e desditoso amor sofrido,

tornou-me um sórdido e vil bandido...

Faz-me hoje mísero e apenas chorar,

por erro grosseiro que não posso apagar.

 

Voraz calor da paixão me consome,

não permite a madrugada chegar.

Foi ela a estrela azul brilhante,

tal qual sol impiedoso e errante,

que fogo em meu coração se pôs atear.

Espero logo e rápido acabar minha sina,

igual a nefasta e desnaturada ruína...

Quando essa chama intensa apagar.

 

Sonhei viver amor excelso, arrebatador.

Poderia ser até um colóquio inocente,

platônico, pouco voraz, sem desamor.

Doce devaneio, sublime sol nascente,

esperava que não causasse tanta dor.

 

Necessito dormir, sonhar em paz,

sem a preocupação com o alvorecer.

O apagar das luzes, apenas, não satisfaz,

os espectros não permitem suave adormecer,

estão dentro de mim... Pobre morto que na terra jaz.