O olhar da vida


Vaguei pelas calçadas a fim de espairecer e soltar os meus demônios no ar. Caminhei milhas em pensamento enquanto os meus passos deslizavam com suavidade buscando sentir a generosidade do vento que me trazia o sopro da tua voz escondido sob as dobras do manto da saudade. Ouvi, ao longe, o murmúrio das águas que se derramavam em cascatas volumosas, prateadas e sorridentes como se o próprio Deus alí estivesse lembrando-me a íntima ligação entre mim e o universo. Aspirei o perfume de várias essências misturadas pairando no ar e toquei com a ponta dos meus dedos os segredos palpitando nas ondas luminosas que atravessavam o meu destino. Numa fração de tempo quase imperceptível estive entre o alfa e ômega. Pousado sobre mim, um olhar que ao mesmo tempo me queimava e me tornava álgida qual um boneco de neve . Não sabia de onde vinha, mas sentí toda a comoção que ele me causava. Arrebanhei as minhas lembranças, dobreia-as cuidadosamente para que não amarrotassem, guardei-as nos grãos de pólen que estavam sendo trabalhados para se transformarem em mel e retomei a caminhada rumo à luz...



beijos, soninha