MÃO DIVINA NO MEU OMBRO

[Um momento único e transcendente, eu mais que nunca Eu, ou a revelação de um dos meus mais profundos heterónimos: Valter Ego.]

* * *

Neste momento, eu não sou eu...

Sou algo que não sei definir, pois nem sequer estou em mim.

Por vezes encontro-me assim – livre como uma ave nos ares; sonhador como só uma alma poética.

Tantas vezes, procuro-me e não me encontro. Anseio por estas palavras e por estes sentimentos e no entanto elas recusam-se a nascer e eu fico triste, por saber-me capaz de muito mais e não conseguir chegar mais além.

Eu próprio me sinto consternado, pois imagino que me tomem por uma fraude poética e um fiasco total. Que me interessa falar daquilo que sei ser capaz de efectuar, se depois ao surgir o momento da verdade, não o conseguir demonstrar?!...

Mas agora estou aqui, segurando este momento Mágico entre as mãos, tal qual um animal dócil que a todo o instante pode levantar-se e tentar fugir da sua prisão.

Vem amigo, vem... Deixa eu acariciar-te a cabeça e sentir fluir de ti a Primavera das nossas vidas.

As palavras querem nascer, trazendo com elas as emoções que lhes são inerentes... Só assim poderemos falar da Vida, do Nascimento, da Glória...

Sinto sobre os meus ombros a Mão Divina, essa Mão quem nem sempre me permite libertar e ser mais e mais... Eu.

Este momento é mágico e nem sempre tenho oportunidade de desfrutar dele. Estou escrevendo à pressa - perdoem-me se estou dando algum salto precipitado... - É que eu quero aproveitar todo este instante, que pode partir a qualquer momento, deixando-me triste e frustrado.

Doce Mão Divina, obrigado por olhares por mim, por Te dignares a fazer-me brilhar... Todo o instante - apesar de breve - se torna Eterno quando Te sinto aqui.

Poderia questionar-Te: Porque não vens mais vezes?!... Mas eu sei a resposta “Tens tanto trabalho a fazer, neste nosso mundo de lágrimas (in)constantes” e provavelmente são infinitos os pedidos de socorro que brotam das gargantas humanas.

Resta-me agarrar com determinação este momento e fazer das palavras o meu baluarte, para tentar apresentar os meus argumentos. A validade deles é muito relativa, pois não dependem apenas de mim, mas de todos aqueles que têm a coragem de me ler... e nós sabemos como as palavras facilmente perdem o seu eco.

Este momento é Mágico, mas apenas para mim... Será importante que eu consiga torná-lo mágico para mais alguém. Uma pessoa que se sinta a voar comigo, será o suficiente?.... E porque não todas?!... Os cúmulos do pessimismo e do optimismo não são para aqui chamados... uma pessoa pode ser uma multidão e uma multidão pode significar apenas silêncio.

Não quero ser imortal, por imposição... Eu já sou imortal, desde que a Luz me gerou. Eu, como tu, como todos, damos as nossas passadas num reino de mágoas e tentamos ser felizes... Mas a Felicidade não é deste mundo... Aqui somente as penas, fazem a lei e ditam as leis...

Saibamos vencer o nosso desafio para um dia desfrutarmos condignamente a Felicidade Eterna, de mão dada com o irmão que hoje pode ser teu inimigo.

Mais palavras haveriam para dizer - tanto mais que o Momento Mágico ainda não adormeceu - mas devemos guardar-nos para outros instantes desta breve Eternidade.

Até logo, até amanhã, até sempre!...

Obrigado – Senhor - por Te dignares a aparecer... Obrigado por me permitires, escrever as palavras nascidas de Ti.

Hoje sou o que sou; o Amanhã a Ti pertence!...

Valter Ego

escrito entre as 13h e as 13, 50h de Portugal Continental, 04/07/2008