"Que me traga fé..."

Se meus joelhos

Não doessem mais

Diante de um bom motivo

Que me traga fé

Que me traga fé...

O Rappa - Pescador de ilusões

"Que a dor não seja o motivo da minha desistência;

mas que seja o início da próxima etapa da minha vida!"

Paciência que me abandona, aos poucos, sorrateira e lenta, esvai-se. Enquanto ela – a moribunda dor, aproxima-se e domina-me por completa: fisga, anestesia, rejeita o toque e enfim, coloca-me em nocaute. À lona, com a dor sobre meu joelho direito, grito! Mas já não me ouvem, é só o silêncio e ela –a Enjeitada, que acolhida está bem ao centro de minha perna.

Retirante, a dor caminhante se fixa, faz moradia e alimenta-se da minha carne, do meu tutano, suga-me a cartilagem – já inexistente, e deixa-me inapta, imóvel, estática numa cama fria e solitária.

Cortisona, alívio estagnado; inchaço sentido e reconhecido. Panturrilhas inflam sob o jeans já apertado, querem explodir, ecoando liberdade!

A coxa direita, torneada pelo fisgar compulsivo, torna-se fria, pinta-se de um azul céu anunciante. Enquanto o símbolo da paz expira na nuca desnuda, aguardando o colorir das agulhas; num breve acolhimento de suas inspiradas mãos não tatuadas.

E tudo gira, como se o roto ígneo não mais doesse, ledo engano! Lá está, latente no meio da minha perna, não no côncavo (nem convexo); mas sim no disperso, o já compactuado joelho: acamado, adoentado, totalmente arrebentado.