"A CIGANA"


A água chegava mansa,
espumosa e festejante,
e empurrando para mim
conchinhas de todas as cores
e espécie... Eu que deitava
e rolava, naquelas brancas areias,
escrevia versos na areia..
com o auxílio de um pedaço de pau;
como que a brincar comigo
a onda vinha e apagava,
e o dia ia avançando as horas
e o sol tão generoso
iluminava aquela imensidão de praia;
a praia estava deserta
não havia alma viva naquele lugar,
a não ser eu, que deslumbrado...
Assobiava, cantava e sorria;
eu juntava as conchinhas...
que a água me presenteava,
e mais um poema na areia escrevia
e ao terminar os versos,
com prazer os recitava;
e novamente as ondas vinham...
e as apagava, trazendo mais conchinhas
e eu as pegava, as horas iam passando
e ali contente... Eu brincava;
mas, eis que aparece alguém,
era uma linda moça...
Com trajes um tanto extravagantes
para estar na praia...
Com blusa de mangas compridas
e uma longa saia, saia muito colorida
na cabeça uma bandana vermelha,
lindos colares no pescoço...
E descalça na areia, e ficou a me olhar;
e sem som de música alguma
ela começou a dançar,
era uma dança envolvente...
Fiquei apaixonado, corpo e mente,
e o bailado do mar...
As ondas que vem e vão;
a moça se aproxima de mim,
e pede para ler a minha mão;
eu senti arrepios quando,
com as suas mãos suaves,
ela segura o meu braço
e com o dedo indicador...
Passava sobre a minha palma
ela não me disse nada...
Deu um sorriso e se foi;
fiquei parado, calado...
E um tanto abobalhado,
olhando aquela linda silhueta
que naquelas brancas areias;
se perdia ao longe.