Na tarde de inverno, cujo frio nos fere a pele, vejo árvores quietas, apenas formando sombras com seus galhos esqueléticos.
Pássaros voltam aos ninhos esperando a noite que se avizinha úmida e muito escura.
O sol esqueceu leve claridade no horizonte como se quisesse nos deixar de presente um pouco de sua luz.
Algumas nuvens brincam de esconde esconde, como crianças desobedientes que não querem se recolher ao descanso.
Nessa hora de intensa paz sentimos que somos parte integrantes da natureza e com ela , como se fosse um imenso palco, devemos render homenagens à quem assim nos fez. Vem então a necessidade de orar e cada um à sua maneira odeve fazê-lo, mesmo que seja com um simples "muito obrigado" por mais um dia de vida.
Minha oração nesse momento crepuscular vem em forma de melodia, é ela que me transporta. O pôr do sol emociona e passo a colocar em acordes tudo que meu interior quer compor.
Coloco na música toda a ternura existente, em cada arpejo, em cada acorde, como se ali estivesse a voz de todas as pessoas em uníssono, com seus ais, alegrias ou tristezas, todas em triunfantes coros agradecendo a dádiva de viver.
Quero que essa música rompa o espaço, levando sonoridade através da paisagem, alcançando o horizonte, espargindo o som até onde exista vida.
Que reverberem notas pelos prados e caminhos, galgando o tôpo das montanhas, juntando-se ao som das cachoeiras e ao murmúrio do mar.
Quero que essa sinfonia única seja de esplêndida beleza e com único destino -rumo ao infinito-.
25/06/08 *Marilda*