Armadilhas da percepção

Ao longo do tempo

tudo vai se misturando

na memória

Tudo flutua como espuma no mar

Inimigos, amigos, os que eram indiferentes,

O que foi bom, o que foi mal

Não importa. Real, Real.

Tudo se confunde na neblina do tempo

Tudo vai separado, mas quando vem,

vem misturado.

Mas digo, com minha experiência de arqueólogo de lixão

O que é ferro é ferro. O que osso é osso

O que tem utilidade aparece, e o que interessa sempre brilha.

Tudo que sobrevive vira poesia

Uma palavra de encanto, um gesto,

Um olhar. um leve toque.

Isso é somente o que fica. Não importa quantos leões

um matou, quantos marfins coleciona.

Nada a mais sobrevive, somente as idéias.

Olhando à distância, nem mesmo os inimigos eram

tão inimigos, nem alguns amigos tão amigos.

Tudo parece agora didática da vida

Éramos apenas soldados, seguindo ordens, lutando sem saber muito bem de verdade em nome do que, Salvo a retórica.

Crianças éramos. Sim. Apenas crianças.

Destino triste do homem ainda rebanho.

Não enquanto rebanho, mas depois que ele

desvia e de fora espia seus companheiros

Ele vê que nada pode fazer. Cada um tem em suas mãos as próprias rédeas do destino e não sabe.

Só quando desvia e se afasta, ele vê o tempo perdido.

Somente quando sai da caverna