Madrugada

Uma ligeira dormência. Como um bicho quieto e acuado, recolho-me ao canto. As paredes murmuram. Ecoa a dor de meu corpo silenciado pelo medo. Sem palavras, deixo a noite invadir o cárcere conhecido.Tantas madrugadas. Os últimos sons da rua me penetram, misturam-se com as lembranças que gritam, as palavras que silenciam, os braços trêmulos dos primeiros indícios de inverno... Os últimos sons... O corpo se rende ao cansaço enquanto o presente traduz os sonhos inquietos. Uma ligeira dormência...

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 28/01/2006
Reeditado em 28/01/2006
Código do texto: T104906