Quando Natália partiu

O dia era lindo...

Leve brisa acariciava nossos rostos,porém,havia,naquela manhã radiante,um aperto de saudade inexplicável ,um pranto secreto.
Ai!Que sensação de dorida despedida...
Quando natália partiu havia um "que" de eterno naquele sorriso...
E o olhar...Ah! o olhar...
Pela pequenina janelinha dos olhos vivos miúdos,pude penetrar-lhe a alma.
Vi-me num campo verdejante em flor,cortado por humilde riachinho cristalino.Ouvi linda canção infantil a ecoar pelos vales distantes.
Tamanha saudade de mim ,dos meus tempos de criança me invadiu
assaltando -me ,tornando-me cativo ,qual passarinho indefeso .
Meu Deus !Afasta-me da imensa dôr que antevejo, permita-me,tão
sòmente sorver a doce bebida da inocência desta criança ,que com
este olhar de esperança me impinge a minha iniquidade e impotência!
Não sei quanto tempo ,ali,ficara velando a linda criancinha azul...
As horas mortas do anoitecer que se aproximavam foram anunciadas
pelo canto triste de um sabiá que parecia ter a pré ciência dos cisnes
pois,seu trinar mudara para uma vocalise suave ,uma berceuse ,
a acalentar um anjo ,acomodando ,carinhosamente,num colchão de nuvens...
Ah!Pássaro divino,tuas notas eram de uma saudosa melodia.
Entendi ,então ,que,não tardaria muito e aquela frágil criatura se libertaria dos grilhões do estreito invólucro...
Sua vidinha se diluiria naquela atmosfera de paz e harmonia.
Quando retornei de minhas divagações,notei que um par de lágrimas
rolavam dos olhos de sua mãe...


ps.esta poesia ofereço a você Nathália ,portadora de cardiopatia congênita que abandonou este mundo num lindo dia de primavera