Asas de Ícaro
Asas de Ícaro
Meus sonhos ganharam asas
As de Ícaro lhes serviram bem
E voaram alto;
E lá do alto
De uma altitude segura
Viajavam e me sorriam
Desejos e segredos sob a cera
Que já começava a lamentar
Os segredos eram frágeis
Mas os desejos ambiciosos
De nada se importavam.
Comandavam determinados
As asas tristonhas em direção ao Sol.
Bem alto e cada vez mais longe...
Eu já não os via mais.
Mas quanto mais alto subiam
Mais chorosas ficavam as asas
Que desmanchavam os sonhos
Que matavam os desejos
E quebravam os segredos
Próximos a luz.
Seu lamento foi à única coisa que vi então.
Em gotas como bolinhas cintilantes
Que mais pareciam pingentes de madre pérola.
Eu as juntei do chão.
Vou derretê-las.
Reconstruí-las...
E terei asas outra vez.
Adriana Kairos