Um lugar indecifrável

Indecifrável

Uma terra por onde ninguém pisa.

Não precisa nomear. Apenas exemplificar. Um território neutro. OU então uma região sempre passível de um invadir. Terra suspeita de armadilhas. Campo minado. Estudar e avaliar onde pisar. E pisar bem cautelosamente. Na dúvida, melhor nem ir.

Lugar envolto em segredos. Onde habitam secretos desejos. Silenciosas lembranças. Alegrias e medos. Um porto cheio de barco, aportar temporário. Aportar.

Uma nau em alto-mar. Um único marinheiro a ouvir o encantar da sereia. Uma nau a deriva. Uma nau que se perde em sua própria liberdade.

Jardins de colibris onde vivem em harmonia borboletas e beija-flores. Um recanto onde haverá sempre primavera, independente das estações concretas.

Onde sempre se aspirará uma delicada fragrância entre o bem – me – quer e o bem – querer.

Cidade sem muros, arrimos. De ruas traçadas em azuis. Lugar onde um Rio de águas calmas encontra a magnitude do mar. Formação única, visão corajosa, imagem retumbante. Pororoca.

Terra vasta, ampla e fértil. Terra segregada e segredada. Terra incalculável, um perder de vista. Terra cuja placa principal aos olhos curiosos dos que chegam, faz ler: “Decifrável, porém jamais compreensível.”.

Mas não assustes. Sede firme e seguro. As poucas investidas lograram êxito ao lá chegar. Nunca arrependeram.

Descobriram e se deliciaram.

Se fizeram felizes.

Porque descobriram as alegrias e mistérios que provém desse alcançar.

Encontrar,

Desvendar

Penetrar no indizível, habitar finalmente, um coração.