Mais uma vez adeus

Hoje mais um amigo foi embora. É o velho lobo negro rondando nossa aldeia. Há poucos dias jantamos juntos, tomamos vinho e celebramos

nossa amizade. Seu corpo parecia cheio de vida e sua cabeça cheia de idéias e sonhos. Em poucas horas inventamos mundos, conversamos com as estrelas. Hoje ele foi se encontrar com elas.

Um homem difícil de derrubar, um homem de valores e principios.

Estudou para curar e decidiu mudar, passou a educar para curar.

Demos a ele nosso adeus em uma cerimônia bonita. Fomos embalados

pelos cânticos de um monge budista, que aos poucos estabeleceu o silêncio no pátio; uma só voz, um só pensamento.

O Ipê rosa estava lindo ao sol da manhã e me lembrou as cerejeiras da terra dos seus antepassados. Um pássaro solitário quebrou o silêncio e cantou.

Pleno silêncio em pleno coração da cidade. De lá o som do trânsito furioso parecia vir de uma cachoeira do outro lado do bosque.

Uma coroa de flores trouxe uma frase que dizia: O que ele nos ensinou permanecerá.

Sobre sua partida tão de repente, um outro amigo me lembrou a clássica advertência: MEMENTO MORI.

Ao meu amigo Milton Fukujima