O vento forte  anunciou  a tempestade. Soprou o frio das montanhas geladas.
Arrancou  folhas e embalou  os sinos. Em rodamoinhos de poeira, cegou os andarilhos.
As roupas no varal pareciam criar vida e o ruído similar ao rugido dos felinos assustou os amantes.
O céu assumiu a escuridão e afugentou a tarde silenciosa.
Trovoadas, raios riscando o horizonte e os primeiros pingos de chuva. 





Orquestrada em perfeito espetáculo,  a natureza mais uma vez surpreendeu. A terra agradeceu,  exalando o cheiro gostoso de planta molhada, enquanto as crianças espiavam ansiosas.

Estio. Pelas ruas, a molecada em algazarra pisoteou a lama, chapinhou pelas poças das calçadas, as bicicletas derrapando no  chão molhado em tombos inevitáveis.

Da janela do quarto assisti à brincadeira,  meninos e meninas rindo para o sol, cantavam versos:- sol e chuva casamento de viúva, chuva e sol casamento de espanhol...

Cortinas abertas, renovando o ar viciado e triste.  A solidão deslizou pelas sombras e perdeu-se em um bueiro qualquer. Já foi tarde.





revisado por Sonia Claro
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 16/06/2008
Reeditado em 13/07/2008
Código do texto: T1036233
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