SE ME DESSES OUVIDOS

Falava-lhe sobre o mito da caverna;
e da escuridão,
Apontava para as constelações e as descreveria;
Se quizesse, e não visse como petulância, recitaria trechos da Íliada, ou dos lusíadas;
Gregório de Matos;
Das desventuras de Artur Rimbaud na África;
da crítica de Nietzsche a civilização judaico-cristã;
lhe diria que tudo isso Freud explica;
Falava sobre a máxima de Sartre, a existência precede a essência;
e que o inferno são os outros ;
e acrecentaria: as vezes nós mesmos;
Recitava Maiakowisk,
E o poema América de Allan Ginsberg,
E se não soasse chato e me permitisse, dizia-lhe das pessoas do Pessoa,
da poesia de Cordel;
Discorreria sobre os cangaceiros e lhe contava estórias de lampião;
contaria causos e prosas de "Seu Chico" , na beira do São Francisco, suas histórias engraçadas sobre as festas que ía e que duravam três dias e que gastava três solas de sapato;
e ainda apontaria pro céu e lhe mostrava o firmamento;
se se mostrasse curiosa;
lhe descrevia uma nebulosa,
Labareda
Enviado por Labareda em 13/06/2008
Reeditado em 16/05/2015
Código do texto: T1032020
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