As estrelas da varanda...

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

No céu que avisto da varanda,

Observo as estrelas...

Algumas me dizem seus nomes.

Para mim, todas elas são fomes:

Fome de se dar a conhecer,

De dar a conhecer seu território sagrado,

Sua estatura, sua estrutura,

Suas probabilidades de serem ou não habitadas,

De passarem por estrelas, mesmo sendo planetas...

Fome de brilho, desejosas de contemplação!...

E minha curiosidade

Habilitada para ser satisfeita

Apenas com cenas da terra...

Minha avó materna tinha uma constelação de afilhados.

Pretinhos, branquinhos, pequenos, grandes...

Eram tantos que chegavam a sua casa na fazenda,

A lhe pedirem a bênção:

— “Bença, madinha!”

Falavam assim mesmo, erradinho,

Do jeito que é a língua na roça.

Era como se ela fosse uma lua

Com atribuições de sol!

Só pra lembrar o grau de atração de minha avó,

O grau da atenção de Deus para com ela!

Lembro-me, em especial, de um de seus afilhados.

Chegava montado a cavalo,

Um cavalo que não era branco.

Roupa branca,

Dentes brancos,

Sempre sorridente,

Sempre portador de boas notícias!...

Tudo era branco em sua pele negra,

Inclusive sua alma!

Eu adorava sua visita

E o bem que sua presença fazia a toda a freguesia...

Minha avó estava sempre muito ali para todos os seus afilhados,

Não os negligenciava,

Mas parece que esse era o afilhado que ela mais esperava!...

Ele trazia alegria!

De vez em quando, dou umas viajadas,

E vou tão longe, no tempo...

Vem, ausência de minha avó,

E me traz de volta para o presente!

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 11/06/2008
Código do texto: T1030085