Ode à tristeza
O que há de errado com minha seriedade? O que há de errado com minha serenidade? O que haveria de errado com minhas virtudes e minha complexidade? O que há de errado?
Em que mais posso crer que não seja errado? Em quem mais posso acreditar, se minha seriedade é maldita por todos, se todos tem me repreendido pela tristeza e pela seriedade... não, elas não são excessivas! Não sou eu que acordo com dores de cabeça à noite, por não conseguir dormir, nem tampouco sou eu que reclamo de não ter o que sempre desejei! Tudo isso é minha consciência, e tudo isso é minha responsabilidade.
Se minha responsabilidade me faz infeliz, porque então ela é certa? E por que a loucura é errada se tantos loucos sorriem todo o tempo? A felicidade não é o que queríamos? Então porque a jogamos fora quando a temos e tentamos reciclá-la quando jogamos fora?!
São poucas as coisas que me deixam feliz, admito, não com felicidade, mas com despeito; despeito sim, de ver tantos irresponsáveis felizes e de ter tantas marcas da infelicidade responsável que tenho. Mas porque minha infelicidade é tão visível, se até eu a escondo de mim? Isso eu não sei explicar, isso eu não entendo, bem como não entendo tantas epopéias com finais felizes, pois só as conheço se forem tristes.
Isto não é uma ode à tristeza, não gosto de cantar às coisas ruins da vida, mas só posso escrever sobre elas, talvez porque eu só as conheça e só as sinta.
E como nada ultimamente tem tido final feliz, e quase tudo já terminou, não posso pontuar essa questão de forma diferente, já que todas as coisas da vida estão inerentes aos sentimentos ambíguos que tenho demonstrado, hora com ódio, hora com amor, hora com zelo, hora com rancor, mas tudo, sempre, como muito apresso e muita doação, pois todo ser responsável, mesmo que seja infeliz, continua sendo responsável, pois o amargo da consciência não nos deixar ser diferentes, portanto não podemos ser livres.