HOMEM QUE TIROU-ME O MUNDO DE SEU EIXO
E o teu nome que não digo homem construído de silêncios sempre do outro lado do mundo ainda que todo o tempo aqui dentro árvore infinita raízes que não alcanço ainda que a pense árvore até o âmago no teu nome e em tua voz que procuro desde o início ao fim dos tempos como um peregrino medieval, que procuro entre as palavras perdidas e o sonho maculado de mim mesma, rosto de musgo e neve,habitante em minha solidão e nas anestesias a que me obrigo para que a vida continue possível fora de ti e da esperança que nem sei como ouso, que nada é mais rarefeito, ar de ti que me exaure e me mantém, que me mata há séculos mas nunca de vez, morte a que me habituo mas queria viver, ah, queria viver, homem que não me sabe nem me crê no que jamais deixou de ser em mim contra todas as aparências, para além de todas as partidas, ah, homem que nunca deixei de buscar entre tudo o que o que sei e que não sei de mim, entre tudo o que perdi, no rosto invisível de tudo o que perdeste antes e depois da minha vinda, homem que ultrapassa todos os nomes e todos os silêncios, que cotidianamente e há séculos tirou-me o mundo de seu eixo.