Inspiração Erudita
Tinha os gestos inocentes
Uma inocência ferina, de quem se defende dos próprios desejos
Tinha a paz como companheira
Enquanto em seu íntimo, um mar revolto lhes agitava o pensamento
E em seu olhar o reflexo da amada
Era impossível esconder o que suas palavras insistiam em negar
Tinha nas mãos uma rosa imaginária
Uma bela rosa vermelha
Que linda permaneceria até que sua amada pudesse ser presenteada
E naquele doce momento de entrega e beleza
O que era um sonho, tornou-se pesadelo e desabrochou sem pedir licença
Criou forma e sentenciou um destino
E aqueles gestos inocentes, tornaram-se impuros e perderam a ingenuidade da inocente amizade
E hoje aquele olhar inocente, se esconde num véu de receios e interrogações
E aquela paz companheira, fez-se maremoto, vendaval, solidão
Estou tentando, não sei se vou conseguir !!!
Mas hei de entregar-lhe a rosa que plantou em meu jardim
Aquela rosa vermelha
Aquele perfume sem fim
Aquela inocência de outrora
Que o destino retirou de mim
E eu poeta errante, compondo meio erudita
Inspirada em versos sagrados e amores impossíveis
Entre Fernando e Assis, Meireles e Lombardi, Moraes e Lispector
Mergulho no meu íntimo sem pontuação, sem versos, rimas ou canções
Mas no fundo, bem lá no fundo
Num canto especial do meu coração
Porque é lá que a rosa vermelha está
Nesse momento inocente em que penso em você.
Rio, 09/06/2008