Instante da Poesia

(Monólogo)

Para Baudelaire e Poe,

obrigado pelas sombras.

Ah! Áridos tempos, no âmago da poética vida.

Lembro-me de Goethe, alias, de Fausto... ou seria o jovem Werter!?

Foste tu, Ó Esperança, sobre a tênue mágoa que míngua a nódoa cadavérica?

Sim, provido por cá estou, do invólucro escuro, em meu estômago, pela lógica das lágrimas antagônicas num espetáculo melancólico. Bêbado em dionísico bálsamo, num sarcófago êmulo, num título métrico, num monólogo improlífico.

O indébito Amor não pode ser poesia, pois assim, hastear a ânsia e com ela fervilhar o ódio, seu Cornífero Ser faz-se presente e rege o tremor: - Pântano Erótico!

Deveras, tudo é poesia!

Em meu cérebro lêvedos litófilos, em lúgubres veleidades, da poética, da mórbida, do solilóquio vagaroso. Entretanto, já lânguido o ânimo evita-me.

Deixe cair sobre a mobília à pétala efêmera, acenda à vela, alumie o crânio... mesmo o texto mais lúgubre, tétrico nos eleva a instantes de poesia!

E o hálito de cânhamo e álcool faz-se presente, o óbolo artificial. Baudelaire diria, em palavras simbolistas, que o mais importante seria tecer versos e morrer de amor, e seus séqüitos fariam tímidos, o êxodo cultural e a pictórica cena, seria vista, e a poesia bem quista!

Ó recôndito amor platônico!

Flávio F Mello
Enviado por Flávio F Mello em 07/06/2008
Reeditado em 07/06/2008
Código do texto: T1023746
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